Busca lenta

busca profunda

visceral

o corpo sente

um grampo aperta

no meio do peito

que bom!

.

Se eu não tivesse um corpo,

pra onde é que iria isso, meu Deus?

Sentir isso faz sentir-me viva

faz ter que abrir a boca

pra expulsar o ar ofegante

faz precisar vomitar um vento que entope meu coração

meus sentimentos.

.

Um corpo é mesmo tudo que um dia eu devo ter pedido aos deuses

corpo quente com sangue escorrendo e fazendo curvas por dentro

corpo efêmero

que eu tenho que cuidar.

.

O que eu faço com isso

entalado

não sei dizer,

mas me parece que é o grande lance

dessa vida toda

desse buraco

e daquelas alegrias.

.

Corpo esse que entorpece sentimentos

resseca e molha o que pulsa

ora uma coisa ora outra

Corpo que nunca mente

mas revela

.

O que eu faço por dentro

o que expressa-se por fora

Não sei dizer

Movimento quente

Movimento lento

Quero brincar de amor

Engolir a vida mastigando delicadamente.

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Nossa heroína já não é mais a mesma, agora inventou de jogar poesias ao vento… Um velho barbudo, disse sem sono: – Onde você quer chegar? – Não saber implica insônias, disse ela. – Não, não… querer saber é que implica. – Obrigada!!! (O velho riu-se:) – Doce criança, há uma coisa que todos deveriam saber, se quisessem saber: Que viver ultrapassa qualquer entendimento…

…e, que é necessário escutar os deuses dentro de nós, sabe-se lá onde eles querem chegar…

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Eu realmente não sei onde é que eu começo, onde é que eu termino. Flores negras murcharam aqui e custam a encontrar seu verdadeiro lugar, que é a terra; tal qual sou eu sem Terra que me caiba, sem rio, nem sol. E uma Terra imensa a percorrer em sóis escaldantes e invernos intensos me rasga a seco o que aqui pesa, machuca e não a encontra. Onde foi mesmo que eu deixei minhas coisas? Onde foi mesmo que minha criança morreu em pé?

Não importa o quanto eu busque, sei que esse não é o caminho. É apenas o meu desespero, incansável, nada calmo, não persistente, mas incontrolável. A saída é algo que realmente eu perdi de vista. Por vezes avisto algo e imagino ser por ali, mas ao chegar mais perto não sei mais, perdeu-se again, and again, and again…

Tá frio aqui. De novo… Poxa!!!… Quanto custa pra o descanso ser lento?? Dá pra pagar a prestações?

Se ao menos eu vomitasse tudo de uma vez, pediria férias e atestaria fase de recuperação.

Quem é forte assim?? Caramba, que papo é esse de amenizar dentro pra amenizar fora? Eu quero olhar pro descanso, quero vê-lo, tocá-lo e saber que posso descansar também, assim, ao seu lado, sem despertador pra me tirar deste sono físico e sonho de alma. Eu quero o tom ameno e o som baixo e penetrante que me aconchega em meia lua e depois me faz voar. Quero morte séria, pra depois poder brincar. Não me agradam as piadas de mal gosto, os dramalhões e as comédias idiotas. Não, não me agradam. Me agradam as cenas intimistas, as cores fortes e o preto e branco, o tom de apagado e o sol. Ah… o sol. O sol me agrada. Os primeiros planos inusitados. Os focos e os olhares delicados. Apetecem-me os corações corajosos que ditam verdades fortes e me fazem respirar lento…

Os olhares distraídos são belos e me deixam triste, tem gosto de caminho a se descobrir.

A perdição do corpo reside nestes olhares, pois os pés perdem a firmeza necessária nesta Terra dura.

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Look the girl looking at her dreams

What does she think?

What are her dreams?

What does she think her dreams are?

What are her real dreams?

.

The best thing you will never know is you can’t control your life

.

You make the choices and the choices make who you are

.

But life…

Life is just consequence

.

So

If you don’t make choices

You are not connected with your life and you’re going to suffer

.

Cause no choices are bad choices

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Gosto de acordar lento
Feito gata

Gosto de arranhar palavras
Falar macio e baixo

E aos poucos vou me desfazendo
Despertando

Pro mundo

De onde eu venho
Entende-se isso por separação

Mas aí no mundo
Que eu desperto novamente
Estou sozinha
E ao mesmo tempo tenho vários irmãos
Alguns companheiros de jornada

Então é isso
Sou livre, só e ainda mais livre pra estender as mãos e caminhar junto de quem eu escolher

É verdade que a sociedade faz de você um verdadeiro escravo

Mas não vou negá-lo. E não vou negá-lá

Aqui estou
Aqui me viro
Aqui faço valer a pena

A dor que é minha
A dor que não é
Faz-se minha também
E isso é a vida que pulsa na Terra

Estou só
Estamos juntos
O que vale nessa vida
É coragem

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noite tórrida de fileiras vazias

há frios inseparáveis.

o que foi, o que há, quem sabe?

sendo é estado de conter suspiros

doces vertentes de tempo

tempo?

quem sabe!

em todo lugar há somente um filete

de pilhas estragadas,

de fios terra

de terra molhada

diz alguém que há uma luz acesa

quem sabe, parece-me por brechas arranháveis

que nunca se apagou, escondida era mesmo.

tanta poeira

pratos laváveis

eu o faço

poeira

estrela

voltou a brilhar

persiste

fio condutor

febres não vividas

certezas emprestadas

que bom! – disse ela por fim, sem ser um fim.

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Ai se esse copo

corpo

vinho em pele

em mim falasse

a boca curta que sente

sentiu

e fica permanecendo

Em tendo

fé, suor, saudade

de coisas belas, distantes

Ai se esse corpo aqui em mim falasse

o que dentro sente e não fala

expressa

passos curtos de corações aguados

cala

sente sentido algum profundo

pensa

pensa muito, menina

sente, sente…

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Arrematada
pra fora da cama

vou-me a ti atirar-me
pedindo descanso

desnudo-me,
entrego-te

o que não sei
o que não cabe

aqui
fica aqui

texto ruim
garota insone

o que não sei
o que me agita

cura no tempo
que não sei esperar

ai se as curvas
fossem flashes
pedaços de futuro

eu dormiria descansada.

Ai, de mim
que sou assim

cabeça prende
coração balança

ou o contrário?

Ai de mim,
que sou assim

descabelada
faminta
hipnotizável

pensativa
descritiva

textos ruins não me deixam dormir.

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Se o meu corpo fosse um rio
com certeza o coração seria aquela parte em que se encontra
alguma profundidade e quentura,
acolhimento, refazimento

Se o meu corpo fosse rio
nada ali estaria bloqueado, sujo e confuso

A menos que eu jogasse ali estas podridões

que circundam

Se o rio fosse meu corpo, suas águas quereriam me livrar
De cantos tensos e densos

Pois tenro é em mim
o que deixou de ser o que eu não sou
mas que em momento estive

E que persiste

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