Eu realmente não sei onde é que eu começo, onde é que eu termino. Flores negras murcharam aqui e custam a encontrar seu verdadeiro lugar, que é a terra; tal qual sou eu sem Terra que me caiba, sem rio, nem sol. E uma Terra imensa a percorrer em sóis escaldantes e invernos intensos me rasga a seco o que aqui pesa, machuca e não a encontra. Onde foi mesmo que eu deixei minhas coisas? Onde foi mesmo que minha criança morreu em pé?
Não importa o quanto eu busque, sei que esse não é o caminho. É apenas o meu desespero, incansável, nada calmo, não persistente, mas incontrolável. A saída é algo que realmente eu perdi de vista. Por vezes avisto algo e imagino ser por ali, mas ao chegar mais perto não sei mais, perdeu-se again, and again, and again…
Tá frio aqui. De novo… Poxa!!!… Quanto custa pra o descanso ser lento?? Dá pra pagar a prestações?
Se ao menos eu vomitasse tudo de uma vez, pediria férias e atestaria fase de recuperação.
Quem é forte assim?? Caramba, que papo é esse de amenizar dentro pra amenizar fora? Eu quero olhar pro descanso, quero vê-lo, tocá-lo e saber que posso descansar também, assim, ao seu lado, sem despertador pra me tirar deste sono físico e sonho de alma. Eu quero o tom ameno e o som baixo e penetrante que me aconchega em meia lua e depois me faz voar. Quero morte séria, pra depois poder brincar. Não me agradam as piadas de mal gosto, os dramalhões e as comédias idiotas. Não, não me agradam. Me agradam as cenas intimistas, as cores fortes e o preto e branco, o tom de apagado e o sol. Ah… o sol. O sol me agrada. Os primeiros planos inusitados. Os focos e os olhares delicados. Apetecem-me os corações corajosos que ditam verdades fortes e me fazem respirar lento…
Os olhares distraídos são belos e me deixam triste, tem gosto de caminho a se descobrir.
A perdição do corpo reside nestes olhares, pois os pés perdem a firmeza necessária nesta Terra dura.